terça-feira, 12 de maio de 2009

A Teoria da Boneca Polly Pocket

Sábado de manhã. Em vez de estar a aproveitar o inicio de dia algures numa praia inundada de sol, dou comigo presa no meio do shopping. É o dia das compras, impossível evitar. Vai na volta e estou parada à frente da prateleira dos brinquedos, junto à nova Polly Pocket. O novo modelo, acabadinho de sair. "Vou comprá-lo pro meu sobrinho". É verdade que ele só tem um ano e meio, e, espanto dos espantos, é um rapaz, mas os miudos nesta idade ainda nao ligam a esse tipo de sexismos. Deixa p'ra lá, ele vai gostar.

Mal chego a casa da minha irmã mais velha dou o presente ao pequenote que não se demora a rasgar o papel. Parece-me ter visto estrelinhas a brilhar no seu olhar. Olha para mim como se eu fosse uma espécie de Deus e no meio de um monte de sons impossiveis de traduzir, penso identificar um "obrigado" codificado.

A polly pocket tornou-se o maior amor da vida do meu sobrinho. Nunca mais a deixou, brincava com ela a toda a hora. Um dia, quando andáva nas arrumações com a minha irmã fui ao seu quarto. Haviam montes de brinquedos abandonados, escuros e tristes, presos dentro de arcas, a gritar por socorro. Sem saber o que fazer para os ajudar fui falar com o meu sobrinho. Perguntei-lhe porque é que ele já não brincava com os outros bonecos. Não me respondeu, apenas abraçou a boneca nova, mais bonita que qualquer um dos outros, mas que de certeza não conhecia as manhas do seu dono, afinal só o conhecia há alguns dias. "Já não gostas dos outros brinquedos?". Acenou-me com a cabeça. "Não".

Fiquei triste. Fui até ao quarto ter com os outros brinquedos, dar-lhes um pouco de mimo. Eles sorriram-me, mas a tristeza dos seus olhares teimava em estragar aquele sorriso.
Passaram-se algumas semanas, era dia de limpeza geral em casa da minha irmã. O meu sobrinho andava entretido com um carrinho novo que o pai lhe ofereceu e eu fui limpar o quarto do miudo. Para minha grande surpresa estava lá a Polly Pocket. E tinha o mesmo ar de tristeza dos outros bonecos...

E quantas lições de moral se tiram daqui?
Não ponho imagem porque aposto que quando lerem isto
vai uma imagem formar-se na vossa cabeça...

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Três de Maio de Dois Mil e Nove

"Confiarei nessa voz que não se impõe
Mas que ouço bem cá dentro no silêncio a segredar.
Confiarei ainda que mil outras vozes
Corram muito mais velozes para me fazer parar.
E avançarei, avançarei no meu caminho
Agora eu sei que tu comigo vens também
Aonde fores aí estarei
Sem medo avançarei.


Confiarei na Tua mão que não me prende
Mas que aceita cada passo do caminho que eu fizer
Confiarei ainda que o dia escureça
Não há mal que me aconteça se contigo eu estiver.
E avançarei, avançarei no meu caminho
Agora eu sei que tu comigo vens também
Aonde fores aí estarei
Sem medo avançarei."












Cântico final da missa do meu crisma. 03 de Maio de 2009, Dia do Pastor e dia da Mãe